sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Fernão Capelo Gaivota - Richard Bach

Este livro conta a história de uma gaivota que não se conforma em passar a vida em busca de alimento, disputando um peixe com o resto do bando…

Fernão quer mais, quer alçar largos vôos, aprender, evoluir…

Sendo assim, passa seus dias e noites tentando, e tentando mais uma vez, até a exaustão, a perfeição do vôo…

Sendo diferente de todos os outros…..

“A maior parte das gaivotas não se preocupava em aprender mais do que os simples fatos do vôo – como ir à comida e voltar. Para a maioria, o importante não é voar, mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar…

- Por que, Fernão, por que? – perguntava-lhe a mãe.

– Por que é que lhe custa tanto ser como o resto do bando?… Por que não come?…

- … Eu só quero saber,… é tudo (respondia ele)

… Há tanto que aprender!

… Em vez da monótona labuta de procurar peixes junto dos barcos de pesca, temos uma razão para estarmos vivos! Podemos subtrair-nos à ignorância, podemos encontrar-nos como criaturas excelentes, inteligentes e hábeis. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!

Certa vez, as gaivotas reunidas o esperavam, e ele é chamado ao centro, o que poderia significar duas coisas: grande vergonha ou grande honra, e pensava consigo mesmo:

… não quero honras… Só quero partilhar o que descobri, mostrar a todos esses horizontes que estão à nossa frente…

Mas, o Mais Velho, em nome da dignidade e tradição das gaivotas, profere o veredicto: Fernão é expulso, desterrado para uma vida solitária, acusado de ser irresponsável…

Irresponsabilidade? Meus irmãos! Quem é mais responsável do que uma gaivota que descobre e desenvolve um significado, um propósito mais elevado na vida? Passamos mil anos lutando por cabeças de peixe, mas agora temos uma razão para viver, para aprender, para descobrir, para sermos livres!…

Mas seus argumentos não surtiram efeito…

Fernão Gaivota passou o resto de seus dias sozinho, mas voou muito além dos Penhascos Longínquos. A solidão não o entristecia. Entristecia-o que as outras gaivotas se tivessem recusado a acreditar na glória do vôo que as esperava. Recusaram-se a abrir os olhos e a ver.

Aprendia cada vez mais… voou através de nevoeiros cerrados e subiu acima deles para céus estonteantes de claridade… enquanto qualquer outra gaivota ficava em terra, conhecendo apenas neblina e chuva…

O que outrora desejara para o bando tinha-o agora só para si. Aprendera a voar e não lamentava o preço que pagara por isso. Fernão Gaivota descobriu que o tédio, o medo e a ira são as razões por que a vida de uma gaivota é tão curta, e, sem isso a perturbar-lhe o pensamento, viveu de fato uma vida longa e feliz.

Tempos depois …

…As duas gaivotas que surgiram junto às suas asas eram puras como a luz das estrelas…

- Muito bem. Quem são vocês?

- Nós somos do seu bando, Fernão. Somos suas irmãs… Viemos para levar você para mais alto, para levá-lo para casa…

E Fernão Capelo Gaivota elevou-se com as duas gaivotas brilhantes como estrelas para desaparecer num céu perfeitamente escuro.

Enquanto se afastava da terra e ultrapassava as nuvens, em formação com as duas gaivotas, notou que o seu próprio corpo se tornava tão brilhante como os delas. Em realidade, era o mesmo Fernão Capelo Gaivota que sempre vivera por detrás dos olhos dourados. Só a forma exterior se modificara…

…A lembrança da sua vida na terra sumia-se….

Nos dias que se seguiram, Fernão verificou que neste lugar havia tanto para aprender acerca do vôo como houvera na vida que deixara para trás. Mas com uma diferença.

Aqui as gaivotas pensavam como ele. Para cada uma delas o mais importante na vida era olhar em frente e alcançar a perfeição…

- Onde estão os outros, Henrique?… Por que somos tão poucos aqui? No lugar de onde eu vim havia…

- … milhares e milhares de gaivotas. Eu sei – Henrique abanou a cabeça …

- A única resposta que encontro, Fernão, é que você é um daqueles pássaros que se encontram num milhão.

Quase todos nós percorremos um longo caminho…

Tem alguma idéia de por quantas vidas tivemos que passar até chegarmos a ter a primeira intuição de que há na vida algo mais do que comer…?

Mil vidas, Fernão, dez mil!

E depois mais cem vidas até começar a aprender que há uma coisa chamada perfeição, e ainda outras cem para nos convencermos de que o nosso objetivo na vida é encontrar essa perfeição… escolhemos o nosso próximo mundo através daquilo que aprendemos neste…

…Nunca deixem de aprender, de treinar e de lutar por compreender cada vez e melhor o perfeito e invisível princípio de toda a vida…

Vê mais longe a gaivota que voa mais alto.

domingo, 18 de setembro de 2011

Finalmente....a paz que tanto procurei....

Quando fiquei sem a R, achei que nunca mais voltaria a ser a mesma. De facto não voltei, mas naquela altura, sentia-me tão adormecida, tão em choque...achava que aquela frieza, aquela raiva me iria consumir para sempre. Durante muito tempo consumiu-me....
Andei tão perdida...
Fazia tudo para fugir às minhas emoções. A dor que sentia era tão insuportável para mim, que tudo me parecia melhor do que sentir aquela dor.
Não ligava a nada, nem a ninguém. Sentia-me indiferente a tudo e a todos.
De vez em quando, tinha "rasgos" de sensibilidade e parecia "cair" em mim, mas logo voltava à minha "personagem". A personagem que me protegia, de alguma forma, daqueles pensamentos, daquele turbilhão de emoções que evitava sentir.
Tudo na minha vida se tornou um pouco automático...Sabia que tinha de ir trabalhar e fazia-o. Fazia-o até demais. Embrulhei-me no trabalho, nos estudos, em tudo o que me ocupasse a cabeça.
Sabia que tinha de cuidar da L, de a levar à escolinha e fazia-o, mas a minha disponibilidade para brincar com ela fugia constantemente.
Sabia que tinha de vir para o lado do P, mas o meu amor por ele estava adormecido, escondido naquela dor e então fugia. Descarregava nele a minha fúria.
Sabia que tinha de conviver com os amigos, mas não suportava a ideia deles estarem bem e eu não.
Andei anos a fugir de mim própria....
Agarrei-me a um passado doloroso e deixei de viver o presente. Deixei de viver o tesouro que tenho ao meu lado. Perdi a paz e encontrei a guerra dentro de mim.
Passados quase 3 anos, finalmente acordei do pesadelo que vivia. Encontrei a paz e a serenidade que precisava para resolver o passado e viver o melhor da minha vida: o P e a L.
A R ficará sempre no meu coração e no meu pensamento, mas agora ela está em paz e eu também.
Sei hoje que qualquer dor, por mais dolorosa que seja, tem que ser vivida, para podermos seguir em frente. Quanto mais tempo fugirmos dela, maior ela se torna e maior poder lhe damos.
A dor pode destruir-nos....
Procurar forças no exterior não nos cura. A força está dentro de cada um de nós. Quando a encontramos, encontramos também a paz.....

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Enfrentando dias de luta....

Quando achamos que já passamos por tudo o que havia a passar...quando sentimos que o pior já passou...vem outra tempestade....arrasa com tudo e deixa-nos à deriva...sem saber o que fazer a seguir...
O esperado, é aquilo que nos mantém seguros, confiantes em relação ao que se segue. O inesperado é o que nos muda a vida....
É um pouco assim que me tenho sentido nestes meses que passaram...pouca vontade de fazer seja o que for, pouca ou nenhuma tolerância para comigo mesma, um cansaço físico e mental grande, pouca disponibilidade para ouvir "coisas triviais", uma "irritação" dirigida aos mais próximos de mim e a todos aqueles que por vezes se aproximam com boas intenções...
Tenho-me sentido pouco compreendida e por isso me vou refugiando, isolando e escondendo as minhas emoções...
No fundo, esta é uma corrida que estou a fazer, embora com muitos percalços pelo meio...mas Não..Não pensem que estou a pensar sair da corrida, deixá-la a meio e muito menos desistir...Isso não me passa pela cabeça...Posso cair, levantar-me, chorar, rir, voltar a cair, mas asseguro-vos que a corrida será ganha por mim...custe o que custar. Demore o tempo que tiver de demorara, mas a vencedora desta corrida SOU EU!!!!!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Ser Mulher....Hoje

Estava eu num dos meus momentos Fnac a apreciar as minhas leituras ao som de um concerto e dei por mim a pegar num livro sobre como percebermos a mente do homem...se é que é possível..o mesmo dirão eles de nós mulheres...
Achei pertinente o tema, numa altura em que se discute tanto a igualdade de género...
Precisamos de manuais para entender os homens e eles entenderem as mulheres...parece quase absurdo para os nossos avós e bisavós lermos "coisas destas", mas a verdade é que o mundo está em mudança, as sociedades estão em mudança, nós enquanto seres humanos e enquanto pessoas estamos a mudar e cada vez precisamos de maior orientação e apoio para nos compreendermos uns aos outros, percebermos como cada um de nós funciona para podermos que Tudo funcione.
Agora árdua é a tarefa...sem dúvida...mas alguma coisa que a Mulher já não esteja habituada?
Ser Mulher...Hoje!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Formas de lidar com o luto...

Numa sociedade em permanente evolução, não só em termos económico-sociais, mas também em termos biológicos, culturais e educacionais, torna-se imprescindível, fazer reflexões mais aprofundadas sobres questões emocionais, vivenciadas por toda a parte do mundo.

A incapacidade das pessoas para lidarem com determinados acontecimentos e gerirem as emoções criadas pelos mesmos, fazem com que se evite falar sobre eles.

As crianças, precisam de compreender o mundo onde vivem e para isso devemos falar, abertamente sobre determinados assuntos. Esconder as vivências menos boas e protegê-los de emoções menos positivas, fará com que a criança sinta frustração e confusão, ao deparar-se pela primeira vez sobre um assunto nunca abordado.

Neste sentido, os livros escritos, mais do que um livro infantil, traz uma mensagem às crianças, aos pais e cuidadores, professores, educadores e toda a sociedade em geral.

Temas como a separação e a perda, são abordados de uma forma metafórica no livro “Flor de Água”. A Vida de Ruby, fala da importância da união familiar em detrimento do dinheiro e o Bolinha de Pêlo, fala do abandono, adopção e famílias de acolhimento.

Com a promessa de outros livros, contendo sempre uma mensagem do mundo real ligado ao romanesco…deixo-vos aqui um pequeno trecho de cada um dos livros.

Dentro de toda aquela alegria vivida por todos os que vieram assistir ao Grande Momento, havia alguma preocupação, por parte da mamã Vida. É que uma das suas princesas não conseguia desabrochar.

O papá Ternuras partilhava da mesma preocupação. Não percebia porque a sua florzinha mais nova não se deixava mostrar.

- O meu maior desejo era ter-vos sempre junto a mim, a todos. Mas na verdade, às vezes, isso não é possível e nós temos que nos separar das pessoas, das coisas que mais amamos e quando nos separamos, isso faz aqui um dói-dói – explicou a mamã Vida.

Flor de Água

“- Mas Graça não vês que precisamos de dinheiro e eles dão-nos muito dinheiro. Podemos ganhar muito com isto e depois cachorros estão sempre a nascer. Terás sempre a Suzy. Essa não vendo.

- Porquê? Porque é a tua fonte de rendimento? Que espécie de homem és tu? Não eras assim quando nos casámos, mudaste muito…”

“- André, nem vale a pena dizeres seja o que for. Não vou deixar que os separes outra vez. Nunca mais isso vai acontecer, ouviste bem? Ou ficamos todos juntos, ou eu vou-me embora com eles. – replicou Graça determinada.

André olhava para Graça e para os cachorros, sem conseguir proferir uma única palavra.

- Ouviste o que te acabei de dizer André?

A família olhava André à espera de uma resposta, de uma reacção.

A vida de Ruby

“Na aldeia dos segredos, vivia uma família de koalas com muitos filhotes numa casa muito pequenina.

Não conseguindo sustentar toda a sua família, a mãe koala, viu-se obrigada a deixar o seu pequenino…

Bolinha de Pêlo era muito pequeno, quando foi deixado na Casa Mãe Terra, pelos seus pais.”

“Na floresta, já se sentia o cheirinho a algodão. Tudo estava tão branquinho.

As árvores, deixavam escapar algumas gotas de água que se foram derretendo, ao longo do dia.

Já era noite, quando o senhor Urso Maior, veio ao jardim regar as suas plantas, quando encontrou um cestinho feito de folhas de eucalipto.”

Bolinha de Pêlo