quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Let the Truth Sting


Ontem, no episódio de Anatomia de Grey (Let the Truth Sting) revi-me no papel de uma mãe que deu entrada no Seattle Grace Hospital, com o seu filho adolescente.
O seu filho apresentava mudanças de comportamento suspeitas, e o cirurgião e neurocirurgião do hospital, acabam por diagnosticar hidrocefalia no adolescente.

Revi-me, pelo problema que foi diagnosticado à personagem. É o que fazemos, quando somos confrontados com determinados problemas na nossa vida, revermo-nos na história de alguém…
Curiosamente, sempre estive muito ligada a crianças com problemas. Na minha juventude, fui voluntária num Hospital Pediátrico. A minha função era dar apoio a crianças nas áreas de oncologia, ortopedia e queimados. Depois, mais tarde, no meu trabalho, fui fazendo acompanhamentos a crianças com necessidades educativas especiais. Sempre foi uma área que me interessou.
Mas a verdade, é que, mesmo sendo muito sensível a estas situações, e estando sempre, de alguma forma ligada a elas, vimos estas realidades como uma pseudo realidade, ou uma realidade longínqua.
Depois, quando somos confrontados com a dura e cruel realidade, passamos a viver em função dela e para ela.
Nos últimos meses de 2008, e num curto espaço de tempo, a minha vida passou a ser à volta do diagnóstico da R, entre médicos, neurocirurgiões, neuropediatras, obstetras, a viver entre um e outro hospital, a ser submetida a exames, ressonâncias.
Hoje tenho aversão a tudo o que esteja relacionado com hospitais, médicos e afins, mas a minha vida continua e continuará a ser à volta do diagnóstico da minha filha mais nova e andarei sempre a tentar rever-me na história de alguém…

3 comentários:

  1. "Hoje tenho aversão a tudo o que esteja relacionado com hospitais, médicos e afins, mas a minha vida continua e continuará a ser à volta do diagnóstico da minha filha mais nova e andarei sempre a tentar rever-me na história de alguém…"

    Sabes, nós somos aquilo que vivemos, não é?

    Nunca me interessei por áreas de educação e muito menos educação especial. Neste momento é uma paixão. Não me importava de criar um centro para acolhê-las, reabilitar, vivê-las, com a mesma paixão com que estimulo o meu filho. Mudamos. São as nossas vivências que nos fazem diferentes.

    Vais encontrar muita coisa positiva (e também negativas) em todas as tuas vivências. Vale a pena mudar. Para melhor, sempre.
    Dar mais valor à saúde.
    Dar mais valor às pequeninas coisas.

    Amar o diferente.

    Muita força, para ti, sempre !!! Beijos

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  2. Sabes que tive sempre um sonho (como o teu), que agora se tornou mais forte: o de criar um centro, uma quinta para acolher crianças e jovens diferentes e especiais. Ainda ontem, conversava com a mãe do André (um jovem de 20 anos com paralisia cerebral, que conheço há algum tempo), que me falou numa quinta em Coimbra, onde tentou colocar o André. Fiquei horrorizada com o que ela me contou. Ainda há muito por fazer. Continuo a surpreender-me, pela negativa, com as pessoas...

    Sim amo o diferente, porque o diferente é especial. Amo ainda mais agora. E sim dou ainda mais valor às pequenas coisas, aos pequenos gestos.

    Obrigada pela tua presença e força que me vais dando, neste espaço.

    Um beijo enorme para ti.

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  3. Nala,
    Cada pessoa tem uma maneira diferente de sentir as coisas, mesmo que passem por situações muito semelhantes.

    Ainda bem que és uma das pessoas que ama o diferente e sabe que o diferente é especial (no bom sentido!). Quem dera a muita gente...

    A aversão que adquiriste a tudo o que seja relacionado com o meio hospitalar é tão compreensível e bem mais comum do que possas imaginar - e até em pessoas que não passaram pela experiência que tu passaste ou que eu venho a experimentar desde há 4 anos.

    Conheço a realidade de pessoas com necessidades especiais há muitos anos (muito antes sequer de imaginar ser Mãe) e sei que ainda há muito a ser feito. Tanto... que às vezes dá vontade de arregaçar as mangas imediatamente! Compreendo essa vontade tão bem...

    Bem, dizem que o sonho comanda a vida.
    Quem sabe um dia?!?

    Abraço cheio de força!

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