quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ir vivendo...o luto

Sentimento de pesar ou dor pela morte de alguém, uma tristeza profunda é uma palavra usada para indicar uma variedade bastante grande de processos psicológicos, conscientes e inconsciente, provocados pela perda de uma pessoa amada. A perda de um filho é uma das experiências intensamente mais dolorosas que o ser humano pode sofrer. É penosa não só para quem experimenta como também para quem observa (FREITAS, 2000).

Sim, o luto é tudo isto e muito mais. Além desta tristeza profunda, de que fala o autor, o luto causa dor física e emocional. É uma ferida que precisa de atenção para ser curada. Vivemos momentos carregados de angústia, culpa, impotência, desespero. Sentimo-nos vazios, é como se nunca mais conseguíssemos sentirmo-nos verdadeiramente vivos, na verdadeira acepção da palavra. Perdemos o sono, perdemos o apetite, perdemos a vontade de estar com os outros, de fazer aquelas actividades que fazíamos sempre, como ir às compras, passear no shopping, ler um livro. Fica tudo lá atrás, num tempo que agora nos parece longínquo.
A perda de um filho, é uma interrupção, um corte de uma sequência esperada. A morte, é uma perda sem retorno.
Passamos por tantas fases, todas elas cobertas de sentimentos e emoções diversas.
Eu comecei pelo estado de choque, um estado que durou alguns meses. Não foi um “fingir” que nada aconteceu, mas foi uma procura incessante de esconder sentimentos, emoções, uma luta constante com a mente e com o coração. Foi um “sei que aconteceu, mas agora vai ficar ali na caixinha, porque não posso falar, sentir, pensar em nada do que aconteceu”. E andei assim, fazendo a minha vida, mais ou menos normal, como se tivesse vivido um pesadelo, mas que não passou disso mesmo.
Entretanto, procurei ajuda psicológica. Actualmente, estou numa fase de consciencialização, uma fase carregada de emoções demasiado fortes, com muito sofrimento psicológico e grande agitação física. Tenho crises de uma dor tão profunda, momentos de choro incontrolável. Há instantes de desespero. Há uma procura incessante de encontrar a minha menina. Procuro-a em todos os bebés que vejo, procuro-a nas crianças com deficiência, procuro-a em casa, procuro-a na minha mente, procuro-a nos passeios que faço com a irmã e o pai. Passo o meu tempo, à procura do meu anjinho.
Tinha um vínculo com a minha menina que partiu. Esse vínculo, foi rompido, cortado no dia em que ela nasceu e que foi cortado o cordão umbilical. Nesse dia, perdi-a para sempre. É uma perda que não consigo aceitar. Não consigo conceber que a minha relação com ela tenha acabado.
E o lidar com tudo isto, com tantas emoções fortes, é… demasiado penoso, é um caminho excessivamente sombrio e imensamente espinhoso.

8 comentários:

  1. E de certeza que não há palavras que te façam sentir melhor...
    Espero que a presença (ainda que "cibernautica") sirva de alguma coisa, um dia destes...
    Abraço sincero

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  2. Ajuda, ajuda muito. É aqui um dos poucos sítios, onde me escondo e ao mesmo tempo abro o meu coração. É aqui que choro, mas também é aqui que procuro forças para seguir esta caminhada....
    Um beijinho

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  3. Nala, espero que hoje (já dia 13...) te sintas um pouco melhor.
    Já conheces a associação "A nossa âncora" (www.anossaancora.org)?

    Abraço

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  4. Não conheço, mas vou pesquisar sobre ela.
    Obrigada pelo teu carinho.
    Um beijinho

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  5. Olá, vim aqui dar já não sei muito bem como... mas não foi preciso muito para saber que valeu a pena passar por cá. Entre todas as palavras do mundo que posso escolher para deixar um abraço, prefiro não dizer nada, ficar no silêncio, mas ficar aqui... eu sei, não há palavras, por isso deixo entre o silêncio de um abraço o convite a passeares no meu cantinho. Beijinhos
    Sónia Pessoa

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  6. Obrigada por passares aqui e estares aqui. Às vezes há silêncios que valem por mil palavras e há gestos que dizem tudo...
    Irei passar no teu cantinho com toda a certeza.
    Um beijinho

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  7. Olá querida M. desculpa a minha ausência prolongada, mas tenho tido imenso trabalho (dos artesanais q faço), além do aniversário do meu filhote mais velho!

    Cm te disse a Sónia, e penso q eu tb, n há nada q se possa dizer, por mt q tente dizer, n digo concretamente nada, pq nada te pode aliviar essa dor... :( Gostaria tanto de te poder ajudar verdadeiramente, mas não há muito q se possa realmente fazer, a não ser, dar-te a minha amizade e o meu carinho!

    Beijinhos enormes p vocês!
    P.S.:Passa lá no meu cantinho para deixares um beijinho e veres cm foi o aniversário do G.! ;)

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  8. A amizade e o teu carinho são a maior ajuda que me podes dar. Sei que quem gosta de mim, procura a todo custo, encontrar palavras para acalmar a minha dor. Mas, às vezes, o saber que aquela pessoa gosta de nós e que está ali, é, sem dúvida uma grande grande ajuda.
    Irei ao teu cantinho querida.
    Um beijinho enorme também para vocês

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