quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Diferente e Especial

Vou contar-vos a história de uma menina que não sabe contar até 10.
A DE, era uma menina que quase nunca saia de casa, quase nunca brincava, quase nunca falava. Ninguém a compreendia, ninguém a procurava.
Mas um dia, Matilde, sua vizinha, convidou-a para a festa dos números. Todos os meninos tinham que ir vestidos de um número que fosse de 1 a 10.
Chegou o grande dia.
DE vestiu o número 0 e dirigiu-se para a festa. Sentia-se muito feliz por Matilde se ter lembrado dela.
Chegou a casa de Matilde e tocou à campainha. Apareceu um menino, o Júlio que olhou para ela, soltando uma gargalhada.
Não percebendo a sua reacção, DE perguntou:
- Porque te ris?
Júlio respondeu-lhe:
- Rio-me de ti. Para a tua figura ridícula.
- Mas porquê? Estou vestida de números, tal como tu.
Júlio voltou a rir-se:
- Sim, mas eu estou vestido de 8 e nesta festa só entram os números de 1 a 10 e tu estás vestida de 0, por isso não entras. Dito isto, fechou-lhe a porta abruptamente, sem esperar por resposta.
DE afastou-se muito triste e sussurrou:
- Mas eu não sei contar até 10….
Já ia longe, quando ouviu chamar por ela.
- DE, DE, espera. – era Matilde.
- DE, anda comigo para a festa. O Júlio é um menino mau.
- Mas….mas…eu não sei contar até 10.
Matilde sorriu, pegou na mão de DE e disse-lhe:
- DE, tu és o 0 e eu o 1. Juntas formamos o número 10. Quer dizer que podes entrar na festa dos números. E lembra-te DE, tu és Diferente e Especial, mesmo não sabendo contar. Nunca deixes que ninguém te tire isso!

Hoje comemora-se o Dia Internacional da Deficiência, por isso, quero dedicar esta história a todos os meninos e meninas Diferentes e Especiais!

2 comentários:

  1. Bonita história.
    Um pouco verdadeira na "crueldade" inocente das crianças. Mas outras há que são sensíveis e ajudam.
    Tal como na história. Um beijo

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  2. O nosso desejo era que o mundo fosse perfeito, tal como nas histórias infantis, em que os finais são sempre felizes...
    Seria perfeito se não houvesse maldade em nenhum coração, muito menos no coração de uma criança.
    Mas como tu mesmo dizes, é uma "crueldade" inocente.
    Tenho uma amiga, que tem 3 filhos. A do meio, a C. tem microcefalia. No dia da festa de aniversário da mais velha, a B., a minha amiga viveu uma situação "díficil". A B. apresentou aos seus amiguinhos o irmão, o A., e nunca falou na C.Era como se ela não fosse sua irmã, nem estivesse ali. Tenho a certeza que a B (de 5 anos), não fez por mal, é apenas uma criança.Mas sei que doeu muito à minha amiga ter que vivenciar esta situação entre os seus filhos. Mas também sei que quando a B. não tem os amiguinhos por perto, está sempre ao lado da C.

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